Joseph Guyler Delva
O presidente do Haiti, Michel Martelly, lançou um plano na sexta-feira para restaurar as forças armadas do país, apesar dos temores de que o seu restabelecimento poderá dividir o país que já passou por golpes militares e abusos aos direitos humanos.
O Exército haitiano foi destituído em 1995 pelo ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, um político populista de esquerda que foi derrubado em um golpe militar em 1991, alguns meses depois de chegar ao poder no seu primeiro mandato.
Durante a comemoração do Dia das Forças Armadas em Porto Príncipe, Martelly formou uma comissão civil para preparar um projeto para a restauração dos militares haitianos. O plano deverá ser apresentado em 1o de janeiro, o Dia da Independência do Haiti.
A reconstituição da força de defesa nacional foi uma promessa de campanha de Martelly, o extrovertido pop star que virou um presidente carismático e nacionalista ao ser eleito em março, sob a promessa de mudar o Haiti.
O país mais pobre das Américas ainda se esforça para se recuperar do terremoto devastador do ano passado, que destruiu a capital e matou dezenas de milhares de pessoas. Depois disso, a nação ainda enfrentou uma letal epidemia de cólera.
A iniciativa de Martelly vai contra as reservas manifestadas pelos doadores estrangeiros e por críticos internos.
Eles afirmam que a restauração da instituição militar frequentemente criticada por abusos de direitos humanos poderia ser um fator de divisão e desviar recursos que deveriam ir para desafios mais urgentes do governo.
Os grandes doadores do Ocidente, que financiam uma força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) de mais de 12 mil homens no Haiti e também ajudam a reconstrução do país caribenho depois do terremoto, rejeitam a ideia de ter de financiar, treinar e equipar um Exército.
Os doadores já estão financiando o treinamento pela ONU da Polícia Nacional Haitiana, que foi expandida para 10 mil membros e deve assumir o policiamento quando a missão de paz da ONU (Minustah) se retirar como o esperado, dentro de alguns anos.
REUTERS/Montedo
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