segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Os EUA são capazes de cortar o Brasil do resto do mundo em qualquer momento que queiram’

Assange

EM CONVERSA POR TELEFONE COM O JORNAL ‘ESTADO DE SÃO PAULO’, FUNDADOR DO SITE WIKILEAKS FALA SOBRE GEOPOLÍTICA, ESPIONAGEM E O LIVRO QUE LANÇARÁ EM FEVEREIRO

Por Guilherme Russo

Confinado há mais de dois anos na Embaixada do Equador em Londres, para evitar ser preso pelas autoridades britânicas e extraditado para a Suécia, onde é acusado de crimes sexuais, o australiano Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, continua divulgando documentos secretos do governo americano. Em entrevista por telefone ao Estado, Assange questionou o grau de independência do Brasil em relação aos EUA, afirmou que Israel comete crimes de guerra em sua ofensiva contra Gaza e disse que há uma “guerra fria” em andamento na Ucrânia. Em fevereiro, o australiano lançará no Brasil o livroQuando o Google encontrou o WikiLeaks, pela Boitempo Editorial. A seguir, a íntegra da entrevista.

O WikiLeaks afirma que Israel tem atingido alvos civis deliberadamente na atual incursão em Gaza.

Publicamos dois documentos relativos a esse assunto. O mais importante é, provavelmente, uma admissão do subchefe do Estado-Maior israelense (o major-general Gadi Eizenkot) para a Embaixada dos EUA em Tel-Aviv de que, pouco após a guerra com o Líbano de 2006, Israel planejava ir adiante com a “doutrina Dahiya”, que é uma estratégia de retaliação contra valores, de tratar as regiões de onde ataques partem como alvos e de usar deliberadamente força desproporcional – o que significa matar a população civil que cerca a atividade militar, com o objetivo de impor pressão política na área. E isso é um crime de guerra, um crime de guerra brutal, não há dúvida sobre isso.

E essa estratégia é aplicada no atual conflito?

Na Guerra Fria, havia discussões sobre se as forças militares deveriam adotar estratégias de combater forças (“counterforce”) ou de combater valores (“countervalue”). Countervalue é quando o objetivo é destruir o que é valioso para o oponente, incluindo a população civil. Counterforce é quando o alvo são apenas as forças militares do oponente. Aquelas discussões chegaram à conclusão que, na maior parte das vezes, a estratégia de combate a forças deveria ser usada, que é ter como alvo militares e não a população civil. Mas Israel ataca com uma estratégia de destruir coisas de valor para os palestinos, incluindo infraestrutura e população civil.

O que o sr. achou de a presidente Dilma Rousseff ter cancelado a visita de Estado que faria aos EUA após a revelação da espionagem que a NSA fez ao governo brasileiro e à Petrobrás? Leia mais...

Fonte > forte.jor

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