WASHINGTON – O presidente Joe Biden anunciou a retirada das tropas de combate americanas do Afeganistão até 11 de setembro, declarando o fim da guerra mais longa dos EUA e rejeitando as advertências de seus conselheiros militares de que a partida poderá levar ao ressurgimento de ameaças terroristas.
A decisão de Biden retiraria todas as tropas americanas do Afeganistão 20 anos depois que o presidente George W. Bush ordenou uma invasão com o objetivo de punir Osama bin Laden e seus seguidores da Qaeda pelos ataques de 11 de setembro, e que foram abrigados no Afeganistão por seus anfitriões do Taleban.
A guerra, que foi lançada com amplo apoio internacional, tornou-se a mesma batalha longa, sangrenta e impopular que forçou os britânicos a se retirarem do Afeganistão no século 19 e a União Soviética a se retirar no século 20.
Quase 2.400 soldados americanos morreram no Afeganistão em um conflito que custou cerca de US$ 2 trilhões. Os partidários democratas de Biden no Congresso elogiaram a retirada, enquanto os republicanos disseram que isso colocaria a segurança americana em risco.
O governo central afegão é incapaz de deter os avanços do Taleban, e as autoridades americanas fazem uma avaliação sombria das perspectivas de paz no país. Ainda assim, as agências de inteligência americanas dizem não acreditar que a Al Qaeda ou outros grupos terroristas representem uma ameaça imediata para atacar os Estados Unidos a partir do Afeganistão. Essa avaliação foi crítica para o governo Biden, que decidiu retirar a maioria das forças restantes do país.
A campanha militar inicial no Afeganistão foi realizada com forças de Operações Especiais em parceria com milícias afegãs locais apoiadas por ataques aéreos. A campanha inicial foi bem-sucedida em forçar líderes da Qaeda e do Taleban a fugir, principalmente para o Paquistão, no final de 2001 e início de 2002.
Muitos analistas militares elogiaram a missão – seu rápido sucesso com o desdobramento de um número limitado de tropas terrestres – como quase uma obra-prima de planejamento e combate.
A guerra então evoluiu e se expandiu de uma missão de contraterrorismo para uma voltada para a construção da nação, democratização e garantia dos direitos das mulheres. Mas a incapacidade de criar forças de segurança locais eficazes permitiu que o Taleban retornasse, levando a um aumento significativo de tropas estrangeiras de volta ao país a partir de 2009, um esforço que resultou em uma segunda invasão.
No ano passado, as forças de segurança afegãs perderam território em repetidos ataques do Taleban e contaram com o poder aéreo americano para repelir os insurgentes. Com as apostas altas e a credibilidade do governo afegão diminuindo, as milícias – que já foram os principais detentores do poder durante a guerra civil afegã na década de 1990 – se rearmaram e reapareceram, desafiando até mesmo as forças de segurança afegãs em algumas áreas. Muitos afegãos viram seu surgimento como um sinal preocupante do que está por vir para seu país.
FONTE: New York Times
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