quarta-feira, 21 de abril de 2021

Biden retirará todas as tropas de combate do Afeganistão até 11 de setembro

 

EUA vão retirar tropas depois de 20 anos de guerra. Invasão começou após os ataques terroristas em 11 de setembro de 2001

WASHINGTON – O presidente Joe Biden anunciou a retirada das tropas de combate americanas do Afeganistão até 11 de setembro, declarando o fim da guerra mais longa dos EUA e rejeitando as advertências de seus conselheiros militares de que a partida poderá levar ao ressurgimento de ameaças terroristas.

A decisão de Biden retiraria todas as tropas americanas do Afeganistão 20 anos depois que o presidente George W. Bush ordenou uma invasão com o objetivo de punir Osama bin Laden e seus seguidores da Qaeda pelos ataques de 11 de setembro, e que foram abrigados no Afeganistão por seus anfitriões do Taleban.

A guerra, que foi lançada com amplo apoio internacional, tornou-se a mesma batalha longa, sangrenta e impopular que forçou os britânicos a se retirarem do Afeganistão no século 19 e a União Soviética a se retirar no século 20.

Quase 2.400 soldados americanos morreram no Afeganistão em um conflito que custou cerca de US$ 2 trilhões. Os partidários democratas de Biden no Congresso elogiaram a retirada, enquanto os republicanos disseram que isso colocaria a segurança americana em risco.

O governo central afegão é incapaz de deter os avanços do Taleban, e as autoridades americanas fazem uma avaliação sombria das perspectivas de paz no país. Ainda assim, as agências de inteligência americanas dizem não acreditar que a Al Qaeda ou outros grupos terroristas representem uma ameaça imediata para atacar os Estados Unidos a partir do Afeganistão. Essa avaliação foi crítica para o governo Biden, que decidiu retirar a maioria das forças restantes do país.

A campanha militar inicial no Afeganistão foi realizada com forças de Operações Especiais em parceria com milícias afegãs locais apoiadas por ataques aéreos. A campanha inicial foi bem-sucedida em forçar líderes da Qaeda e do Taleban a fugir, principalmente para o Paquistão, no final de 2001 e início de 2002.

Muitos analistas militares elogiaram a missão – seu rápido sucesso com o desdobramento de um número limitado de tropas terrestres – como quase uma obra-prima de planejamento e combate.

A guerra então evoluiu e se expandiu de uma missão de contraterrorismo para uma voltada para a construção da nação, democratização e garantia dos direitos das mulheres. Mas a incapacidade de criar forças de segurança locais eficazes permitiu que o Taleban retornasse, levando a um aumento significativo de tropas estrangeiras de volta ao país a partir de 2009, um esforço que resultou em uma segunda invasão.

No ano passado, as forças de segurança afegãs perderam território em repetidos ataques do Taleban e contaram com o poder aéreo americano para repelir os insurgentes. Com as apostas altas e a credibilidade do governo afegão diminuindo, as milícias – que já foram os principais detentores do poder durante a guerra civil afegã na década de 1990 – se rearmaram e reapareceram, desafiando até mesmo as forças de segurança afegãs em algumas áreas. Muitos afegãos viram seu surgimento como um sinal preocupante do que está por vir para seu país.

FONTE: New York Times

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