Uma pesquisa brasileira, realizada pela Millward Brown Brasil em 12
países, aponta as crianças brasileiras, de 4 a 12 anos, como as que mais
acessam a internet no mundo todo. De acordo com os resultados apresentados,
elas passam cerca de 13 horas online por semana e, como já era de se esperar, o
entretenimento é o que mais os anima: do tempo gasto conectado, a maior parte é
passada em jogos e similares.
“Muita gente fala que as crianças antes brincavam de bola, na rua, com
jogos de tabuleiro. A verdade é que as crianças continuam brincando, só que
elas têm à sua disposição agora outras ferramentas”, explica uma das
realizadoras da pesquisa, Aline Souza.
Gisele Agnelli, a outra autora do
estudo, complementa: “Nosso foco são as crianças que já nasceram na era da web
2.0”, e que, claro, seguindo o raciocínio das pesquisadoras, possuem uma outra
relação, quem sabe uma outra visão, de entretenimento. É hora de aceitar que,
por questões de avanços tecnológicos, segurança e novas rotinas da sociedade,
as brincadeiras mudaram, assim como os pequenos.
Mães e crianças das classes A, B e C participaram d a pesquisa, que
também mostrou que, apesar das longas horas na frente do computador, dos novos
métodos de diversão, ideias antigas permanecem, só que reformuladas. O antigo
diário , por exemplo, virou blog. Os tabuleiros são on-line e, mesmo dentro de
casa, é possível interagir com outras pessoas, muito além dos vizinhos e
colegas de escola.
“A internet abre um mundo de possibilidades para as crianças e, sem
dúvida, estimula o cérebro em inúmeras formas. Uma simples pesquisa é uma forma
de estimulação”, explica a pedagoga Cristiane Padilha.
Em um de seus livros mais comentados, iBrain: Surviving the
Technological Alteration of the Modern Mind, o psiquiatra americano Gary Small,
diretor do Centro de Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia, em
Los Angeles, explica que pesquisar no Google ativa áreas no cérebro mais
extensas que normalmente não são estimuladas durante a leitura.
De acordo com
seus estudos, crianças antenadas com as modernidades são melhores tomadoras de
decisões e têm capacidade maior de lidar com vários estímulos sensoriais ao
mesmo tempo.
Mas, como toda novidade, há prós e contras. A individualização da
criança é uma das consequências inevitáveis das longas horas passadas em frente
ao computador, mas a culpada não é só a internet. “A tendência hoje é das
crianças terem ou quererem ter televisão e computador no quarto”, explica
Gisele. A televisão, sabemos, já está mais presente e o computador segue o
mesmo caminho. “Crianças muito acostumadas a usarem somente a internet podem
acabar tendo dificuldade de interpretar emoções ao vivo, por exemplo”,
complementa o psicólogo João Rogério Lima.
É extensa a lista de vantagens e desvantagens desta superutilização da
internet por crianças pequenas, mas há um consenso: bom senso. Com supervisão e
sem excessos, é possível aproveitar os benefícios da modernidade.
Adepta do MSN, Ruth Favres, mãe de Diogo e Marina, 6 e 8 anos,
respectivamente, confessa que seu diálogo com seus filhos melhorou a partir do
momento em que ela começou a usar a ferramenta. “Parece que o fato de eu não
estar fisicamente presente, na frente deles, faz com que eles se abram mais
facil comigo”.
Mas como saber o que eles estão realmente fazendo?
Outro dado intrigante apontado pela pesquisa mostra que, na verdade, os
pais não sabem o que os filhos fazem na internet e, por mais que falem que
saibam, ou realmente achem isso, não é verdade. “As crianças normalmente passam
o dobro de tempo na internet do que o período apontado pelos pais. E a maioria
deles realmente não sabe o que fazer para controlar a navegação, nem como fazer
isto. Essa lacuna de tempo entre uma geração e outra acaba dificultando este
monitoramento.”, explica Aline.
Fonte: Revista Crescer
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