PM prende um suspeito de ofensiva. Tiroteio começou após invasão da ADA
ALESSANDRA HORTO , LEANDRO EIRÓ E VANIA CUNHA
Ao menos duas viaturas e seis blindados monitoraram a região durante o dia. Moradores contam que vans com bandidos armados estacionaram na Maré e fizeram disparos a esmo
Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia |
Rio - Ocupado há quase seis meses por tropas do Exército e da Marinha no regime de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o Complexo da Maré foi invadido na manhã de [sábado] por bandidos da facção Amigos dos Amigos (ADA), que saíram da comunidade Parque Alegria, no Caju. Segundo testemunhas, os traficantes chegaram em quatro vans, fortemente armados, fazendo arruaça e atirando para o alto.
Criminosos do local resistiram e diversos confrontos foram travados ao longo do dia. O conjunto de favelas teve a segurança reforçada por seis tanques dos fuzileiros navais. No fim da tarde, um dos suspeitos pela invasão foi preso na Avenida Brasil.
Foram pelo menos três tiroteios pesados: no fim da madrugada de sábado, pouco antes do meio-dia e à tarde. Houve pânico, e moradores correram para buscar abrigo em estabelecimentos abertos e dentro de suas casas. Segundo a polícia, o alvo principal dos invasores era o Conjunto Esperança, mas a Vila do João também registrou confrontos. Nessa última, a UPA ficou fechada por um período durante a tarde, segundo funcionários relataram no Whatsapp do DIA (98762-8248 ).
“O cenário é de praça de guerra. Está horrível trabalhar com esse clima”, contou um funcionário. Em uma escola municipal, professores, alunos e seus pais ficaram acuados. Apesar do intenso confronto, ninguém foi ferido. Até o fim da noite, a informação era de que os bandidos conseguiram invadir as duas comunidades e até picharam muros com a inscrição ADA. A Força de Pacificação do Exército cercou o complexo e pediu reforço à Polícia Militar no entorno.
Agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Caju capturaram no fim da tarde Paulo Castilho Correia Filho, o Playboy. Segundo PMs, ele estava fugindo do confronto na Maré foi levado para a 21ª DP (Bonsucesso). Investigadores contaram que Playboy é suspeito de ter participado da invasão na Maré. Contra ele, havia mandado de prisão decretado por investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, antes da implantação da UPP do Caju.
A maior parte das comunidades da Maré é dominada por quadrilhas da facção Terceiro Comando Puro (TCP), que ficaram enfraquecidas após a prisão de seu maior chefe, Marcelo Santos das Dores, o Menor P. O traficante foi capturado em março pela Polícia Federal, quando se escondia do cerco montado pela polícia na Maré em um apartamento de luxo em Jacarepaguá. Antes de os bandidos do TCP tomarem conta das favelas, em 2008, a Maré era dominado pela ADA, mesma quadrilha do Caju. Desde então, os criminosos vivem em guerra pelo controle da venda de drogas.
Exército fez patrulhas e revistas durante todo o dia
Desde a ocupação do Exército, em 5 de abril, bandidos da facção TCP faziam disparos quase diariamente paar intimidar os militares, e chegaram até a fazer vítimas dos tiros. Mas ontem o clima de tensão chegou ao ápice, com a guerra de bandidos rivais em plena luz do dia.
Por medida de segurança, as tropas federais chegaram a interromper o trânsito em uma das pistas da Avenida Brasil, no sentido Zona Oeste, e a Linha Vermelha durante o confronto. Em cada uma das ruas de acesso à Vila do João, fuzileiros navais reforçaram o patrulhamento. O objetivo era localizar os criminosos e impedir que novos disparos ocorressem. A maioria dos moradores que passava, tanto a pé como em automóveis, era revistada ao entrar e sair do local.
Pelo menos duas viaturas e seis blindados fizeram rondas pela região durante todo o dia. Em nota, a assessoria da Força de Pacificação do Exército na Maré informou que a situação estava sob controle no fim da tarde de ontem, mas que os tiroteios foram intensos, principalmente na Vila do João, próximo à Linha Amarela.
Moradores do complexo, a maioria com medo de se identificar, comentaram sobre a invasão. Uma mulher disse que homens armados desceram das vans e fizeram disparos no meio da rua, sem se incomodar com quem passava. De acordo com um morador, o grupo teria acessado o local por uma entrada por baixo da Linha Vermelha. Outros tiveram que atrasar a hora de sair para o trabalho ou não puderam entrar em casa por conta do tiroteio.
Tiros levam pânico a festa em escola
Os tiros interromperam a Festa da Primavera que acontecia na Escola Municipal Teotônio Vilela. Segundo testemunhas, parentes dos estudantes e professores estavam na unidade desde cedo, fazendo os últimos preparativos para o evento, quando o tiroteio começou. Havia muita gente no local, e todos ficaram acuados por pelo menos quatro horas dentro da unidade, com medo dos disparos. Uma funcionária contou que as pessoas correram para as salas de aula e se jogaram no chão para se proteger.
“Foi um horror. Estávamos todos em clima familiar, planejamos a festa, montamos as barraquinhas e infelizmente nossas crianças tiveram que passar por esse trauma”, contou um dos funcionários. Uma foto publicada na rede social Facebook mostra várias pessoas sentadas no chão e em cadeiras do que seria a sala dos professores da escola, supostamente durante o tiroteio. Por volta das 15h, todos conseguiram deixar o local sob escolta policial.
Confrontos no Alemão e na Penha
O fim de semana também foi de tensão nos complexos da Penha e do Alemão. Um PM ainda não identificado foi baleado ontem, após uma troca de tiros com bandidos da comunidade Parque Proletário, na Penha.
De acordo com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), o militar da UPP Parque Proletário realizava patrulhamento de rotina com os companheiros, quando foram atacados por criminosos na localidade conhecida como Rua 29. O agente foi baleado na virilha e encaminhado ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Ainda segundo a CPP, o policial passa bem. Buscas foram feitas na região, mas ninguém foi capturado. Sexta-feira, um suspeito morreu em confronto com PMs da UPP Nova Brasília, no Alemão. Há uma semana, o comandante desta unidade, capitão Uanderson Manoel da Silva, foi morto por bandidos com dois tiros no peito.
Playboy não resiste à prisão
O traficante Playboy caiu no cerco montado por policiais militares da UPP do Caju na Avenida Brasil, na altura da comunidade Vila do João. Segundo a comandante da unidade, major Alessandra Carvalhaes, sempre que há conflitos próximos, os agentes fazem uma patrulhamento preventivo para evitar que criminosos fujam para dentro do Caju.
O acusado estava em uma moto, seguido por outro homem suspeito em mais uma motocicleta. Os PMs reconheceram o criminoso e conseguiram cercá-lo. Playboy estava desarmado e não resistiu à prisão. Ele foi transferido no fim da noite de ontem para uma unidade da Polinter. O outro homem também foi detido e levado para a 21ª DP (Bonsucesso). No entanto, por não estar em situação de flagrante nem ter mandado de prisão pendente, o homem foi liberado após prestar depoimento.
Fonte > O Dia/montedo.com
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