Dilma Roussef New York
Pablo Uchoa
Da BBC Brasil em Washington
A presidente Dilma Rousseff usou nesta terça-feira o palanque privilegiado da Assembleia Geral da ONU para afirmar que a espionagem atribuída aos Estados Unidos, por meio da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), representa uma violação dos direitos humanos e um desrespeito às soberanias nacionais.
Primeira líder a falar no debate geral de chefes de Estado da organização, a presidente disse que “a rede global de espionagem” da NSA provocou “indignação e repúdio” em “amplos setores da opinião pública mundial” e ainda mais no Brasil, onde ela própria, seus ministros e a Petrobras teriam sido alvo das ações.
Estamos, senhor presidente, diante de um caso grave de violação dos direitos humanos e das liberdades civis”, disse Dilma, dirigindo-se ao presidente desta sessão da Assembleia, John Ashe, embaixador de Antígua e Barbuda na ONU. “Da invasão e captura de informações sigilosas relativas a atividades empresariais e, sobretudo, de desrespeito à soberania nacional”.
“Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra soberania. Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos fundamentais dos cidadãos de outros países”, protestou Dilma. “Pior ainda”, continuou, quando empresas privadas fazem parte do esquema.
“Não se sustentam os argumentos de que a interceptação ilegal de informações e dados destina-se a proteger as nações contra o terrorismo. O Brasil”, disse Dilma, “repudia, combate e não dá abrigo a grupos terroristas”.
‘Inadmissíveis’
Por tradição, cabe ao mandatário brasileiro abrir os trabalhos da plenária de líderes das Nações Unidas, o principal fórum que reúne os líderes dos 193 países-membro da organização. O tema deste ano era “Agenda de Desenvolvimento Pós-2015: Preparando o cenário”.
Dilma Rousseff já tinha avisado que ancoraria o seu discurso na polêmica envolvendo a espionagem americana. Até a Casa Branca já esperava que ela fizesse críticas mais fortes aos EUA, mas ainda havia dúvidas sobre quão duro seria o tom que a presidente adotaria.
A versão final do discurso ficou pronta às 4h da manhã, e assessores do Planalto disseram que até no café da manhã a presidente ainda rabiscava mudanças no texto.
Fonte: forte.jor