América Latina deve olhar para o México
O México se transformou no pior exemplo do que pode acontecer a qualquer país do continente em que o crime organizado avança, ocupa espaços e cria um estado paralelo, desafiando, e muitas vezes submetendo, o Estado legitimamente constituído. Segundo o Instituto de Ação Cidadã do México, pelo menos 71% dos municípios do país estão sob controle dos cartéis de drogas. Desde 2006, quando assumiu, o presidente Felipe Calderón intensificou o combate ao narcotráfico, mobilizando o Exército mexicano. Não tinha alternativa. Mas, a partir daí, abriu-se uma verdadeira guerra, com mais de 50 mil mortos.
A imprensa e os jornalistas estão acuados. Desde 2000, 80 deles foram assassinados. O México é hoje o mais perigoso país da América Latina para o trabalho jornalístico, e o terceiro do mundo, superado apenas por Afeganistão e Paquistão, onde há conflitos abertos. O objetivo dos criminosos é claro: calar aqueles que noticiam a violência e os crimes, apuram responsabilidades, fazem denúncias, apontam suspeitos. Em parte, já conseguiram. Segundo o presidente da Associação de Jornalistas de Ciudade Juárez, Roberto Delgado, cada vez menos repórteres expõem seus nomes ou investem em matérias investigativas por medo de represálias.
Torna-se claro que o México, que terá eleições presidenciais a 1 de julho, está em situação desesperadora, lutando para não sucumbir de vez. A Colômbia esteve muito perto disso quando as Farc se tornaram uma narcoguerrilha e chegaram a ter, por ingênua concessão do governo, uma parte do território nacional - ampla base para a guerra civil que quase destruiu o hoje pujante país. São problemas que afetam, com maior ou menor intensidade, toda a América Latina.
Fonte: Defesanet/Segurança
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