Ivone Luzardo sobre os quartéis: "O clima é tenso pela falta de incentivo financeiro"
Militares pedem socorro em Brasília
Manifestantes exigiram pagamento da reposição salarial de 28,86%
Depois de esgotar as tentativas de diálogo com o governo federal, manifestantes ligados a entidades representativas dos militares se reuniram ontem, em Brasília, no Dia da Batalha do Riachuelo, para reivindicar a reposição salarial de 28,86% que se arrasta desde 1993. Além de exigir melhores soldos, criticaram o que intitulam de esforço para o sucateamento das Forças no Brasil.
As reivindicações salariais ganham força na base da carreira. Cabos, soldados, sargentos e capitães, segundo as entidades, recebem soldos incompatíveis com a função, o que gera desconforto dentro das corporações. “Os salários são horríveis. Por isso, muitos passam dificuldades e abandonam a carreira”, alerta Genivaldo da Silva, presidente da Associação dos Militares da Ativa, da Reserva e Pensionistas.
Outro assunto de destaque foi a Comissão da Verdade que, segundo Marcelo Machado, presidente da Associação Nacional dos Militares do Brasil (ANMB), é uma discussão unilateral. “O governo usa a Comissão da Verdade para desmoralizar as Forças Armadas. Não somos contra a apuração dos fatos, mas queremos, por exemplo, que seja mostrada a realidade da esquerda armada na época da ditadura”, explica.
5 MINUTOS COM IVONE LUZARDO, presidente da UNEMFA
Presidente da União Nacional das Esposas de Militares das Forças Armadas (Unemfa), Ivone Luzardo vive de perto as dificuldades enfrentadas pelas Forças Armadas no Brasil, em especial, a luta pela reposição das perdas salariais. Ontem, em Brasília, participou com outros militantes da manifestação que exige, do governo federal, a recuperação dos soldos.
1. Por que o aumento de 30% não é suficiente?
— Isso não foi um aumento. Foi a tentativa fracassada do governo de repor a inflação, mas sem sucesso. Em 2015, quando as tropas receberem a última parcela do reajuste, as perdas do poder de compra dos soldos dos nossos maridos chegarão a 135%.
2. Qual é a real situação dos praças nas corporações?
— Muitos enfrentam dificuldades financeiras devido aos baixos vencimentos e se atolam em dívidas e empréstimos, devido à facilidade do consignado. A maioria, pais de família, não enxerga futuro dentro das Forças Armadas.
3. Como está a situação dentro dos quartéis?
— O clima é tenso pela falta de incentivo financeiro. Além disso, o anúncio do corte para a Defesa gera insegurança. A reclamação fica por conta dos aparelhos e equipamentos obsoletos que colocam a vida de muitos militares em risco. No fim de maio, por exemplo, a turbina de um avião, com cem homens que estão em missão no Haiti, explodiu e poderia ter causado uma grande tragédia.
O Dia /montedo.com
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