Almirante Moura Neto afirma que assunto não foi tratado com a presidente durante inauguração em Itaguaí
Comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, ao lado de Dilma - Gabriel de Paiva / Agência O Globo |
HENRIQUE GOMES BATISTA
ITAGUAÍ (RJ) - No primeiro evento a reunir a presidente Dilma Rousseff e os ministros militares depois da divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, o comandante da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto, disse que a CNV “cumpriu o papel dela”, mas destacou que nem ele nem o governo se debruçaram sobre seu conteúdo ainda. O documento responsabiliza uma série de militares pelos crimes cometidos durante a ditadura.
— A Comissão Nacional da Verdade cumpriu o papel dela. Fez o relatório sobre o qual nós não tivemos a oportunidade de nos debruçar. Então não podemos analisar o que foi escrito — disse o almirante, na terceira vez em que foi perguntado sobre as conclusões da CNV. — A presidente disse que ia ser debruçar sobre o relatório, e estamos esperando isso.
Dilma e os ministros militares foram nesta sexta-feira a Itaguaí para inaugurar o prédio principal do estaleiro de submarinos convencionais e nucleares que a Marinha e a Odebrecht constroem no Rio de Janeiro.
No local, a presidente se encontrou com o ministro da Defesa, Celso Amorim, com os comandantes das três Forças Armadas, com o governador Luiz Fernando Pezão e com Marcelo Odebrecht, presidente da empresa que leva seu sobrenome e que é investigada pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato.
Em seu discurso, Dilma não fez qualquer menção à Comissão da Verdade. Elogiou o prédio e afirmou que cada centavo dos R$ 28 bilhões investidos no programa de submarinos é fundamental para soberania do país e a luta por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
— Em um futuro cada vez mais próximo, a força naval brasileira poderá escrever mais um feito em sua história: ter contribuído decididamente para que nosso país integre um seleto grupo de cinco países integrantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas que dominam a tecnologia de construção de submarinos com propulsão nuclear — destacou a presidente, reafirmando seu compromisso com este programa para os próximos quatro anos.
O projeto de submarinos do Brasil prevê a construção de equipamentos convencionais e com propulsão nuclear. Os primeiros submarinos convencionais estão previstos para 2017. Os nucleares, para 2023.
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Fonte >O Globo/montedo.com
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